(Não, não é estampa de camisa da Cavalera)
Para quem não lembra: Kosovo era, ou ainda é, uma província da Sérvia (onde?). A população, de maioria Albanesa, luta por sua autonomia à décadas. Sua primeira declaração de independência, em 1991, não foi reconhecida pela Sérvia do então presidente Slobodan Milosevic. Após terminar seu genocídio contra a também independente Bósnia, em 1998, Milosevic voltou-se para a província de Kosovo. O resultado, um conflito étnico genocida generalizado, leva a OTAN a finalmente tomar uma atitude, bombardeando a Sérvia de volta à idade da pedra. A partir de 1999, Kosovo passa a ser administrada pela ONU, embora mantendo sua condição de Província Autônoma da Sérvia.
(Nota: Milosevic foi deposto também em 1999, e preso em 2001 por crimes contra a humanidade. Ele viria a morrer cinco anos depois, de um ataque cardíaco no mínimo suspeito, no dia em que ia ouvir sua sentença. Alguém aí falou “CIA”?)
Hoje, por votação unânime, o parlamento de Kosovo declarou independência unilateral da Sérvia. Como o “unilateral” indica, a Sérvia não reconhece qualquer declaração nesse sentido, e já avisou que vai cortar relações com quaisquer países que reconhecerem a nova nação. Embora não tão radicais, a mãe Rússia também não aceita a independência da província, assim como outros países que têm suas próprias questões separatistas, como China e Espanha. Por enquanto ações militares estão fora de cogitação, mas tratando-se da região, é uma hipótese que nunca pode ser descartada.
Mas será que agora vai? É complicado dizer. Além da maioria dos seus vizinhos não aceitarem a independência, a ONU ainda não declarou sobre o assunto, já que o Conselho de Segurança não chega à um consenso, com dois dos seus membros, Rússia e China, se opondo à qualquer debate nesse sentido. A OTAN, em seu site, declara que “estará acompanhando o desenrolar dos acontecimentos com atenção”, que “a KFOR (Força da Otan em Kosovo, presente na província desde 1999) continuará garantindo a segurança da população da região, maioria ou minoria” e recomenda “que todos os grupos envolvidos exerçam o máximo de moderação e comedimento”.
A nova nação terá semanas, meses e mesmo anos conturbados pela frente, até garantir sua soberania. Nem mesmo uma nova guerra na região pode ser descartada.
Até
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